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Institucional

O Centro de Pesquisas Epidemiológicas (CPE), que é hoje considerado referência nacional e internacional nos estudos em saúde do ciclo da vida, surgiu por ocasião do início do primeiro grande estudo de coorte de nascimentos de Pelotas.
Denominado Coorte de 1982, o estudo baseia-se no acompanhamento, desde o momento do parto, de todos os recém-nascidos de Pelotas (RS) naquele ano, que totalizaram 5.914 crianças. Esta população passou, então, a ser acompanhada desde o início da vida até o presente, através de visitas realizadas em diversos momentos.

O estudo foi iniciado pelo médico pediatra, então professor da Universidade Católica de Pelotas, Fernando Barros, que em 1980 retornava a Pelotas depois de concluir o Mestrado em Saúde Materno-Infantil na Universidade de Londres, Inglaterra. Durante o período em que estudou naquele País, Barros conheceu os estudos de coorte realizados na Europa, e pôde perceber que aquela metodologia era uma maneira eficaz para estudar a história natural das doenças e analisar a influência de fatores precoces sobre o processo de adoecer da vida adulta.

O Professor Fernando Barros desenvolveu a metodologia para o acompanhamento de todos os recém-nascidos nas três maternidades da cidade. Já nesta época, o número de nascimentos domiciliares era muito baixo, o que garantiu que a população estudada constituía a quase totalidade dos recém-nascidos da área urbana do município. O material deste estudo foi também utilizado para a tese de Doutorado em Epidemiologia do Professor Barros, na London School of Hygiene and Tropical Medicine da Universidade de Londres. Seu orientador de doutorado foi o Professor J. Patrick Vaughan, e o apoio financeiro ao projeto foi obtido de uma instituição de fomento à pesquisa do Canadá (IDRC). Como o financiamento somente foi efetivamente recebido em maio de 1982, os primeiros meses do trabalho de campo foram realizados graças ao trabalho voluntário de professores e residentes das duas Faculdades de Medicina de Pelotas.

Ao final do estudo perinatal, juntou-se ao projeto o médico e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Cesar Victora, que estava finalizando seu Doutorado, também na Universidade de Londres. Juntos, Barros e Victora preparam o primeiro acompanhamento da coorte, e todas as suas etapas subsequentes, até os dias de hoje. O próximo acompanhamento da coorte de 1982 está sendo preparado para 2012, quando seus integrantes estarão completando 30 anos de idade.

Financiamento

Após o primeiro financiamento obtido junto ao International Development Research Centre, do Canadá, em 1982, o primeiro acompanhamento da coorte de recém-nascidos foi financiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que identificou no projeto o potencial de revelar novos aspectos das relações saúde-doença nas populações materno-infantis em países em desenvolvimento. Depois desse apoio, várias organizações internacionais interessaram-se pelo projeto, e organizações européias tiveram um papel importante no financiamento de futuras etapas do estudo. A Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1982 tornava-se uma referência mundial e passava a agregar importantes pesquisadores de diversas áreas da saúde.

Coorte de 1993 e de 2004

Em algum momento, durante a realização das primeiras visitas à Coorte de 1982, os pesquisadores planejaram iniciar um novo estudo de coorte de nascimentos. O objetivo central era permitir a comparação das tendências temporais das características da população materno-infantil e dos principais indicadores de saúde. Com financiamento da Comunidade Econômica Européia, o novo estudo viabilizou-se para iniciar em 1993. A Coorte de 1993 seguiu os mesmos critérios da primeira coorte, mas sua metodologia foi bem mais complexa. Em 1993, houve uma forte concentração dos acompanhamentos no primeiro ano de vida. Isso só foi possível porque nesse ano havia uma estrutura de pesquisa consolidada, em que trabalhava um grupo crescente e entusiasta de novos pesquisadores, que apontaram novas ideias e hipóteses que foram agregadas ao projeto.

Em 2004, com o grupo ainda mais fortalecido, iniciou-se o terceiro estudo do gênero. A Coorte de 2004 surgiu para consolidar as pesquisas comparativas entre as gerações. Os pesquisadores queriam conhecer a história natural das populações e descobrir o que muda com o tempo.
Atualmente, o Centro de Pesquisas Epidemiológicas mantém o maior universo de participantes de coortes da América Latina. Ao todo são 15 mil pessoas, de três gerações distintas, acompanhadas desde o nascimento. Esses estudos já renderam a publicação de mais de 500 artigos científicos e originaram o Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel, que atende alunos de todos os continentes do globo.


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas