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Sala de Imprensa

07/08/2019

Ana Menezes irá receber título de Professora Emérita

A médica pneumologista Ana Maria Baptista Menezes, docente do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (PPGE), irá receber o título de Professora Emérita da UFPel, a partir de deliberação do Conselho Universitário e do Conselho Diretor da universidade.  

O título, que será entregue nesta quinta-feira, às 18h, no auditório Wilson de Oliveira - campus Capão do Leão - é a maior honraria que as universidades federais concedem a seus docentes. O prêmio é destinado a profissionais que se tornaram referência em sua área de atuação, em diferentes domínios da vida acadêmica, como a formação de recursos humanos e a produção científica.

“Diferente de outras titulações, a de professor emérito é uma categoria para a qual o docente não pode se candidatar. É uma indicação feita pelos pares, que nasce de um consenso dentro da comunidade acadêmica”, explica a coordenadora e docente do PPGE, Helen Gonçalves.

A solenidade de outorga irá abrir as comemorações do aniversário de 50 anos da UFPel. Ao todo, serão homenageados 49 servidores, entre títulos de Professor Emérito, Mérito Universitário, e Técnico-Administrativo Emérito, este último concedido pela primeira vez na história da instituição.

“É uma honra receber essa homenagem. A mesma instituição que me acolheu como aluna de medicina, e na qual depois fui professora, concede-me agora este título que reconhece toda uma história de vida ligada à universidade. É muito gratificante”, afirma a epidemiologista.

O vínculo com a UFPel teve início cedo na vida de Menezes. Entre 1972 e 1977, frequentou as salas de aula da Leiga, como aluna do curso de medicina. No ano seguinte à formatura, volta às mesmas salas de aula, como professora contratada do Departamento de Clínica Médica da faculdade. Após cursar o mestrado em Pneumologia na Universidade de Southampton, na Inglaterra, retorna ao Brasil, em 1983, e retoma as atividades de docente e médica na especialidade de saúde pulmonar. Funda o Ambulatório de Pneumologia na faculdade, para onde levou seu espirômetro (aparelho utilizado para realizar testes de função pulmonar) e, posteriormente, obtém novos equipamentos que permitem a criação do Laboratório de Função Pulmonar do Hospital Escola da UFPel.

Entre 1989 e 1992, conduz estudo sobre a prevalência e os fatores de risco da bronquite crônica na população de Pelotas, como pesquisa de tese para o doutorado em Pneumologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sob orientação do especialista em saúde cardiopulmonar Mario Rigatto e do epidemiologista Cesar Victora. “A partir do trabalho com o Cesar, comecei progressivamente a conciliar a pneumologia e os estudos epidemiológicos como minhas áreas de interesse”, afirma Menezes. “De meu orientador no doutorado, o Cesar rapidamente passou a ser a pessoa a quem sempre recorri na minha carreira como pesquisadora para compartilhar dúvidas e questionamentos. E assim tem sido nos últimos vinte anos”, complementa.

Ao final do doutorado, em 1993, a convite de Victora, inicia a atuação como pesquisadora no Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel, onde, “além da contribuição científica, destaca-se pelo talento estratégico e de gestão, contribuindo significativamente com a instituição”, diz a gestora de recursos humanos do Centro de Pesquisas, Carla Santos.

Projeção na pesquisa científica, com impacto sobre políticas públicas regionais e globais

A pesquisadora da UFPel é, hoje, uma das cientistas  mais citadas na literatura mundial, de acordo com o ranking Highly Cited Researchers - a lista leva em consideração todos os trabalhos publicados, entre 2006 e 2016, e o número de citações por pares, com base em  dados da plataforma global de acesso a artigos científicos Web of Science. São onze brasileiros no ranking, entre eles, o também professor emérito da UFPelCesar Victora. “É uma enorme satisfação ver a magnífica carreira acadêmica da Ana, cujo doutorado tive o prazer de orientar, ser reconhecida através do título de Professora Emérita da UFPel”, diz Victora.

Com mais de 400 publicações científicas, a docente  é autora de trabalho classificado como um dos cem clássicos da ciência mundial sobre doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) pelo International Journal of Chronic Obstructive Pulmonary Disease. Publicado na revista The Lancet, em 2005, o artigo apresenta dados do primeiro levantamento de base populacional sobre doenças pulmonares crônicas na América Latina. O estudo Platino (Projeto Latino-Americano de Investigação em Obstrução Pulmonar) coletou informações de mais de 5,3 mil adultos, com realização de espirometria (teste do sopro), em cinco cidades: São Paulo (Brasil), Santiago do Chile (Chile), Cidade do México (México), Montevidéu (Uruguai) e Caracas (Venezuela). 

Na coordenação do estudo, “é notável a atitude de colaboração que a Ana assume com outros países da América Latina, que é tão necessária”, de acordo com o pneumologista mexicano e co-autor do Platino, Rogelio Perez-Padilla.

Essa atitude de cooperação tem mais um exemplo na coordenação dos cursos de  Métodos em Epidemiologia Clínica Respiratória (MECOR) na América Latina. A epidemiologista brasileira liderou o processo de transferência da direção, que estava a cargo da American Thoracic Society (ATS), com sede nos Estados Unidos, para a Associação Latino-Americana do Tórax (ALAT), com sede no Uruguai, assumindo a coordenação dos cursos na região de 2012 a 2017. O programa consiste em uma série de cursos intensivos de diferentes níveis sobre planejamento e condução de projetos de pesquisas em pneumologia. 

Em Pelotas, sua cidade de origem, Menezes coordena a Coorte de Nascimentos de 1993, que acompanha a saúde de todas as crianças nascidas na zona urbana do município no ano de 1993, tendo contribuído para demonstrar a importância dos fatores presentes durante a gestação e os primeiros anos de vida sobre a saúde respiratória a longo prazo. 

O atual coordenador adjunto do PPGE, Fernando Wermeister, desenvolveu sua tese de doutorado examinando a relação entre adiposidade corporal e função pulmonar em adolescentes dessa coorte, sob orientação da docente. “A Ana sempre me proporcionou várias oportunidades de trabalhar em projetos, como o Platino, além da minha tese. Durante o período como seu aluno, aprendi a admirar a pessoa e a profissional que ela é. Hoje, vejo que muito do que consegui alcançar em termos acadêmicos tem grande influência dela”, diz Wehrmeister, que, além de professor permanente do PPGE, é colaborador da Coorte 1993 e pesquisador do Centro Internacional de Equidade em Saúde da UFPel.

Entre os achados do acompanhamento da coorte, as evidências apontaram alta proporção de fumantes entre os jovens. Com base em dados da pesquisa, ela trabalhou em parceria com o coordenador do programa antitabagista da Universidade Católica de Pelotas, Roni Quevedo, para a consolidação da Lei Antifumo (Lei 5.757) em Pelotas, proposta pelo vereador Ivan Duarte e em vigor desde 2010. À época, a cidade foi pioneira na adoção de lei antitabagista no Rio Grande do Sul. 

“Não é incrível que tenhamos conseguido, como sociedade, mudar a cultura, as leis, diante das evidências sobre o prejuízo do fumo para a saúde? E que as pessoas, de fato, estejam fumando menos?  Se pudesse deixar uma mensagem aos jovens alunos, gostaria de lembrar-lhes Augusto Cury, que diz que o objetivo fundamental dos sonhos não é o sucesso, mas nos livrar do fantasma do conformismo”, conclui a pesquisadora. 

 

 




Fonte: Assessoria de Imprensa





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Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas