Facebook

Sala de Imprensa

09/08/2019

Defesa de tese: Assédio moral no trabalho e seu papel nos transtornos mentais comuns e dor lombar: um estudo com trabalhadores do judiciário federal

Banca: Margarida Maria Silveira Barreto (USP),  Luis Facchini e Rodrigo Meucci.

Orientador: Anaclaudia Fassa

Data: 16/08/2019

Hora: 14h30

Local: Auditório Prédio B

Apresentador: Fernando Feijó

 

Assédio moral, transtornos mentais e dor lombar: um risco da organização do trabalho que pode acarretar graves consequências à saúde

 

A tese de doutorado do aluno do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas, Fernando Ribas Feijó, foi desenvolvida entre 2016 e 2019, tendo como foco a questão do assédio moral e saúde. Ela consistiu em uma extensa revisão sistemática sobre fatores de risco para o assédio moral, além de uma pesquisa de campo realizada entre junho e novembro de 2018 com mais de 900 servidores públicos do Judiciário Federal em Porto Alegre.

A revisão dos estudos epidemiológicos sobre fatores de riscos para assédio moral evidenciou que fatores da organização do trabalho e da gestão praticada nas instituições têm papel central na determinação do assédio, o qual se revela um risco para problemas de saúde mental e dor osteomuscular. Os fatores sociodemográficos e as características individuais dos trabalhadores como a personalidade parecem ter menos influência para a ocorrência do assédio moral do que fatores ocupacionais, como o estresse, os modelos de gestão e liderança nas organizações, a segurança psicossocial oferecida pela instituição, entre outros fatores psicossociais dos ambientes de trabalho. A maior parte da pesquisa sobre o tema provém de países de alta renda, sendo necessário expandir o campo de estudo sobre o assédio moral e saúde em países de baixa e média renda como o Brasil.

Já a pesquisa de campo revelou que o assédio moral está fortemente associado a transtornos mentais comuns e dor lombar, podendo aumentar, a depender da frequência da exposição ao assédio, em cerca de 7 vezes a chance de transtorno mental e de 2,5 vezes a chance de dor lombar, seja ela aguda ou crônica. Demonstrou-se, ainda, que o assédio moral pode ter um efeito independente de outros fatores de risco na ocorrência de transtornos mentais comuns e dor lombar. Nas análises de dados da pesquisa de campo, a tese propõe diferentes formas de avaliar e mensurar o assédio moral no trabalho e seus efeitos na saúde, além demonstrar modelos estatísticos que podem ser utilizados em novos estudos sobre o tema, de modo a qualificar a pesquisa na área e o entendimento dos mecanismos envolvidos nessa relação.

Os servidores públicos do judiciário federal de Porto Alegre estão inseridos em um contexto onde aproximadamente um em cada cinco servidores está exposto ao assédio moral durante os últimos seis meses. Intervenções que compreendam modelos de gestão com maior participação dos trabalhadores nos processos decisórios, que diminuam o estresse laboral e aumentem a autonomia dos indivíduos devem ser vislumbradas no judiciário e nas mais diversas organizações, as quais podem enfrentar realidades ainda piores. Os processos de trabalho devem englobar ações de vigilância dos riscos psicossociais nas instituições, com ênfase na prevenção ao assédio moral no trabalho e adoecimento.

 




Fonte: PPGE





Voltar

Veja Também


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas