TRABALHO, DOR NAS COSTAS E NERVOSISMO NA INDÚSTRIA DA ALIMENTAÇÃO: UMA QUESTÃO DE GÊNERO ?

RESUMO
Objetivo:
Estudar o efeito do gênero e das condições de trabalho na determinação de dor nas costas e nervosismo em trabalhadores da indústria da alimentação de Pelotas.

Metodologia: Em estudo transversal, entrevistou-se 695 homens e 337 mulheres em seus domicílios. Utilizando questionário padronizado e pré-codificado, caracterizou-se a inserção ocupacional, a percepção dos operários sobre as cargas de trabalho e a referência à dor nas costas e nervosismo. Realizou-se análise multivariada, através regressão logística hierarquizada, para o controle de fatores de confusão e mediadores.

Resultados: As mulheres estavam predominantemente inseridas nas indústrias manufatureiras, no setor de produção e na função de auxiliar de produção. As prevalências de nervosismo (32%) e de dor nas costas (38%) foram altas para toda a população e as operárias apresentaram o dobro do risco dos homens para estas morbidades. Parte do efeito destas morbidades foi determinado pela base técnica, setor e função em que as mulheres estavam inseridas, e por suas exposições à posição incômoda, trabalho não criativo, repetitivo e em grande velocidade.

Conclusão: O maior risco feminino para as morbidades foi determinado pelo gênero, decorrente de diferenças biológicas, ou de percepção do problema, mas também foi dependente da inserção das mulheres no processo de trabalho e, particularmente de certas cargas a que estavam expostas cotidianamente.

PALAVRAS-CHAVE: epidemiologia; saúde do trabalhador; saúde da mulher; gênero, trabalho e saúde.

ABSTRACT

WORK, BACKACHE AND NERVOUSNESS IN THE FOOD INDUSTRY:
IS THAT A MATTER OF GENDER ?

Aim: To study the gender and work conditions effect in the determination of back pain and nervouness in workers from food industry of Pelotas.

Methodology: In a croos sectional study, 695 men and 337 women were interviewed in their homes. We used a standardized and pre-codified questionnaire. We characterized the occupational insertion, the workers perception about the work loads and the reference about the backache and nervouness. We did a logistic regression following a hierarchical model, to control confounding factors and to examine mediators.

Results: The women were inserted predominantly in manufacturing industries, in the production department and production assistant function. The nervouness (32%) and backache (38%) prevalences were high for all the population and the workwomen preented double the risk of the men for these morbidities. Part of these morbidities effect was determined by the technical base, department and function in wich the women were inserted and due to their exposure to unconfortable position, lack of creativeness at work, repetitive work and high work speed.

Conclusion: The biggest female risk for the morbidities was determined by gender, because of biological differences or perception of the problem, but it also depended on the women's insertion in the work process and, particularly to such work loads they were exposed to daily.

KEY WORDS: epidemiology; worker's health; woman's work; gender, work and health.