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Teses e Dissertações


2015


Aluno:Bruno Pereira Nunes

Título: Multimorbidade em idosos: ocorrência, consequências e relação com a Estratégia Saúde da Família

E-mail:nunesbp@gmail.com

Área de concentração:Epidemiologia

Orientador:Luiz Augusto Facchini

Banca examinadora:Alicia Matijasevich, Juraci Almeida Cesar e Juvenal Dias da Costa.

Data defesa:07/04/2015

Palavras-chave:Saúde do idoso, Epidemiologia, Avaliação dos serviços de saúde

A multimorbidade é a ocorrência de diferentes problemas de saúde em um mesmo indivíduo. Com o aumento da expectativa de vida e da ocorrência das doenças crônicas, a multimorbidade apresenta-se como um problema frequente na população, principalmente em idosos. Somado a alta prevalência, as consequências da multimorbidade podem incluir maior risco de morte, uso de serviços de saúde, incapacidades funcionais e pior qualidade de vida. Mundialmente, os sistemas de saúde estão despreparados para lidar com a multimorbidade. Sendo assim, o objetivo desta tese foi avaliar a ocorrência, as consequências e a relação da Estratégia Saúde da Família em idosos brasileiros. A partir de estudo transversal de base populacional realizado em 2008 com 1.593 idosos residentes na zona urbana do município de Bagé e artigo de revisão da literatura, a multimorbidade foi avaliada. Os achados mostram que somente 6% dos idosos entrevistados não tinham doenças. Hipertensão arterial e problema na coluna foram as doenças mais prevalentes. A prevalência de multimorbidade foi de 81,3% (IC95%: 79,3; 83,3) para duas ou mais doenças e 64,0% (IC95%: 61,5; 66,4) para três ou mais doenças. Mulheres, idosos mais velhos, mais pobres, com menor escolaridade, acamados, que não tinham plano de Saúde, que usaram serviços de saúde e residentes nas áreas da Estratégia Saúde da Família tiveram mais multimorbidade. Foram observados 22 pares de morbidades com prevalência maior que 10% e 35 trios com prevalência maior que 5%. O par mais prevalente foi hipertensão arterial sistêmica e problema na coluna (23,6%). O trio mais observado foi hipertensão arterial, problema na coluna e reumatismo (10,6%). Além disso, através de meta-análise, observou-se que a multimorbidade aumentou em 1,35 (IC95%: 1,25; 1,45) vezes o risco de morte comparados aos indivíduos sem multimorbidade. Esse efeito foi de 1,54 (IC95%: 1,26; 1,88); 3,08 (IC95%: 2,45; 3,87) e 1,20 (IC95%: 1,10; 1,30) vezes maior para estudos que avaliaram a multimorbidade como ≥2, ≥3 e de forma contínua, respectivamente. O efeito da multimorbidade na hospitalização também foi observado entre os 1.593 idosos. A ocorrência de hospitalização geral e não cirúrgica foi de 17,7% (IC95%: 15,8; 19,6) e 10,6% (IC95%: 9,1; 12,1), respectivamente. Idosos com multimorbidade hospitalizaram mais e não houve diferença na hospitalização segundo o modelo de atenção básica à saúde. O plano de saúde aumentou em 1,71 (IC95%: 1,09; 2,69) vezes a internação hospitalar entre residentes nas áreas da Estratégia Saúde da Família em comparação aos idosos residentes nas áreas tradicionais sem plano de saúde. O trabalho evidencia a alta frequência da multimorbidade na população idosa e sua associação positiva com a mortalidade e a hospitalização. A mudança no manejo dos idosos pelos serviços de saúde deverá ocorrer de forma rápida buscando prevenir as complicações da multimorbidade na tentativa de garantir um envelhecimento saudável aos idosos brasileiros considerando que o cuidado dos indivíduos é fragmentado e direcionado para o tratamento de doenças isoladas.


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas