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Teses e Dissertações


2020


Aluno:Nadège Jacques

Título: Depressão materna: impacto sobre a hospitalização em crianças de até dois anos de idade, na Coorte de 2015 de Pelotas

E-mail:nadgedajac@yahoo.fr

Área de concentração:

Orientador:Mariangela Freitas da Silveira

Banca examinadora:Patrícia Manzolli, Bernardo Horta e Fernando Wehrmeister.

Data defesa:28/01/2020

Palavras-chave:Coorte 2015

A depressão é um transtorno mental comum que vem aumentando, e é a
principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo. O risco de se tornar deprimido é aumentado pela pobreza, o desemprego, eventos de vida, como a morte de uma pessoa querida ou uma ruptura de relacionamento, doenças físicas e problemas relacionados ao consumo de álcool e drogas. A gestação é um momento de grande mudança e transformação biológica, emocional, e psicossocial na vida de mulher, o que a leva a ser mais vulnerável
ao desenvolvimento de transtornos mentais nesta fase da vida. A depressão no período pré-natal e pós-natal apresenta consequências adversas sobre a saúde da mãe e da criança. Por outro lado, os recém-nascidos e as crianças são particularmente vulneráveis à diversas doenças, muitas das quais podem ser efetivamente prevenidas ou tratadas. Diversos fatores são reconhecidos como determinantes da saúde infantil, entretanto, a depressão materna pré-natal e pós-parto constituem um fator de risco importante, mas negligenciado. Estudos
sobre a associação da depressão materna na saúde física da criança, nos dois primeiros anos de sua vida, são escassos. Portanto, a disponibilidade de dados longitudinais em uma coorte de nascimentos em um país de renda média alta é uma oportunidade para avaliar o impacto da depressão pré-natal e pós-natal na saúde das crianças com base em uma grande população de mães e filhos, acompanhados desde a gestação. Esta tese tem como objetivo avaliar a associação entre a depressão pré-natal e pós-parto e hospitalização em crianças
do nascimento até dois de vida, na Coorte de Nascimentos de 2015 da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Foram utilizados dados de 4.275 mães e filhos participantes da coortes de 2015, representando 98,7% de todas os nascimentos realizados em hospitais de Pelotas nos quais, 73% das mães foram entrevistadas no período pré-natal. A taxa de resposta foi 97,2% no seguimento de três meses, 95,4% no seguimento de 12 meses e 95% no seguimento de 24 meses. A proporção de mães que apresentaram sintomas de depressão prénatal é 29,5% (27,9 – 31,1); aos 3 meses de pós-parto é 20,2% (19.0 – 21,5),
aos doze meses de pós-parto é 28,7% (27,3 - 30,1) e aos 24 meses é 28,3 (26,9 - 29,7). Identificamos cinco grupos de trajetórias de sintomas de depressão materna entre as mulheres que tiveram pelo menos três medidas de sintomas de depressão desde o pré-natal até 24 meses de pós-parto. Mais de vinte três por cento das mães apresentaram sintomas persistente de depressão ao longo do período estudado e 3,9% apresentaram sintomas severos de depressão. A probabilidade de apresentar sintomas persistente de depressão aumentou entre
as mulheres com vulnerabilidade socioeconômica. Observamos uma tendência de aumentou de risco de que a criança ser hospitalizado de acordo com a severidade das trajetórias de sintomas de depressão em mães. Quando comparar as crianças de mães que não apresentaram sintomas de depressão no período pré-natal, as crianças de mães que apresentaram sintomas de depressão major no mesmo período tiveram um risco de 1,74 (1,16-2,60) vezes maior de serem hospitalizados aos três meses de idade, um risco de 1,36 (1,05-1,77) maior aos doze meses e um risco de 2,14 (1,46-3,14) vezes maior de
serem hospitalizados aos 24 meses de idade. Crianças de mães que
apresentaram sintomas severos de depressão tiveram um risco de 1,87 (1,25–2,81) vezes maior de serem hospitalizada aos 24 meses de idade. Quando comparar as crianças de mães que não apresentaram sintomas de depressão no período pós-parto, as crianças de mães que apresentaram sintomas severos de depressão aos três meses de pós-parto tiveram um risco de 1,84 (1,39-2,45) vezes maior de serem hospitalizados aos doze meses e um risco de 1,89 (1,19-
2,99) vezes maior de serem hospitalizados aos 24 meses de idade quando a mães apresentaram sintomas de depressão major. Crianças de mães que apresentaram sintomas de depressão major e severa aos 12 meses de pós-parto tiveram respectivamente um risco de 1,66 (1,09-2,53) vezes maior e de 1,72 (1,10- 2,67) vezes maior de serem hospitalizada aos 24 meses de idade. As crianças das mães que tiveram sintomas de depressão persistente desde o período pré-natal até os 24 meses depois do parto tem um risco crescente de
serem hospitalizadas comparado às crianças de mães que não experimentam sintomas de depressão no período. Os resultados desta tese revelam a tendência de depressão materna desde o pré-natal até o pós-parto tardio e a influência da depressão materna sobre a saúde das crianças, particularmente na hospitalização. Esses achados são de extrema importância para a saúde coletiva e pública, e implicam em uma tomada de decisões sistemática na gestão de saúde da gestante e da criança.

Palavras-chave: depressão materna; depressão pré-natal; sintomas de
depressão pré-natal; depressão pós-parto; sintomas de depressão pós-parto; hospitalização em crianças; saúde materno-infantil; estudos de coorte.


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas