O Centro de Pesquisas Epidemiológicas (CPE), que é hoje considerado referência nacional e internacional nos estudos em saúde do ciclo da vida, surgiu por ocasião do início do primeiro grande estudo de coorte de nascimentos de Pelotas (1982, 1993, 2004 e 2015).
O CPE é formado por um grupo de excelência em pesquisa que se dedica principalmente à investigação da influência dos fatores inerentes ao período do nascimento e dos primeiros anos de vida sobre a saúde do indivíduo durante toda a sua existência.
Os objetivos dessa investigação são: conhecer o estado de saúde das populações; identificar as causas das principais doenças presentes nesses grupos; desenvolver estratégias preventivas que beneficiem o maior número de pessoas. É formado por um grupo de pesquisadores referência nacional e internacional nas áreas de Epidemiologia do ciclo vital, Epidemiologia dos Serviços de saúde, Determinantes sociais do processo saúde-doença-cuidado, Equidade em saúde e Epidemiologia da violência. O CPE também atua em outras áreas relacionadas, em especial pesquisas de avaliação do impacto de programas de saúde, desigualdades em saúde, e nutrição humana. É por isso que o CPE é considerado Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Nutrição Materno-Infantil; Centro Nacional de Referência em Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde e Centro de Excelência Latino-Americano da Fundação Wellcome Trust.
Além das coortes de nascimento que deram origem ao CPE, o grupo desenvolve numerosos outros estudos epidemiológicos de interesse e abrangência nacional e internacional, alguns deles já concluídos, tais como:
Estudo das Curvas de Crescimento da Organização Mundial
Pesquisadores do CPE, junto a cientistas de outros cinco países, desenvolveram um instrumento internacional de referência do crescimento de crianças com até cinco anos de idade.
O estudo pesquisou 8.500 crianças do Brasil (Pelotas), Estados Unidos (Davis), Ghana (Accra), Índia (Nova Deli), Noruega (Oslo) e Oman (Muscat). A nova Curva é utilizada pelos governos da maioria dos países do mundo.
Platino
Pesquisadores do CPE, junto a cientistas de quatro países da America Latina (AL), desenvolveram o Projeto Latino-Americano para Investigação da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (PLATINO), que teve o objetivo de medir a ocorrência da doença e seus principais riscos em cinco cidades da AL: São Paulo (Brasil), Cidade do México (México), Montevidéu (Uruguai), Santiago (Chile) e Caracas (Venezuela).
Intergrowth
Pesquisadores do CPE e do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de Oxford (Inglaterra) estão desenvolvendo o Estudo Internacional de Crescimento Fetal e do Recém-Nascido: Padrões para o Século 21. O objetivo deste estudo é a produção de uma curva padrão internacional do crescimento do feto e do recém-nascido para aplicações práticas no uso clínico e no monitoramento de tendências em populações. Dez países estão envolvidos no estudo.
Centro Internacional para Análises e Monitoramento de Equidade em Saúde e Nutrição
Pesquisadores do CPE são os responsáveis por realizar e assessorar pesquisas e análises epidemiológicas sobre aspectos específicos de desigualdades em saúde no Brasil e no exterior. O trabalho está sendo realizado por meio do Centro Internacional para Análises e Monitoramento de Equidade em Saúde e Nutrição, formado por diversas agências internacionais (OMS, UNICEF, UNFPA), por agências bilaterais de fomento ao desenvolvimento e por organizações não-governamentais e acadêmicas, incluindo a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que foi uma das instituições fundadoras da iniciativa em 2005.
PPGEpi
O Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) é o primeiro da área de Saúde Coletiva, no Brasil, a receber a nota máxima (7) na avaliação trienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), e a mantém até hoje.
O Programa é composto por dois cursos de regime stricto senso: mestrado e doutorado acadêmicos. Os alunos são estimulados para desenvolverem todas as etapas da pesquisa epidemiológica, que culmina com a divulgação científica de seus resultados. Os docentes destacam-se pela produção científica de qualidade, com vários trabalhos aceitos em revistas nacionais e internacionais da área da saúde.
O Programa de Pós-graduação em Epidemiologia (PPGEpi) da UFPel teve início por iniciativa de um grupo de docentes da mesma universidade, que há dez anos já vinha trabalhando com pesquisas epidemiológicas. Esse mesmo grupo compõe o Centro de Pesquisas Epidemiológicas (CPE), local onde quatro estudos de coortes de nascimentos (1982, 1993, 2004 e 2015) são planejados, executados e coordenados até a publicação dos artigos. Entre os pesquisadores que participam desse Centro estão os responsáveis por uma das coortes do mundo com maior tempo de duração localizada, na América Latina e Caribe, a Coorte de Nascimentos de 1982 em Pelotas. Esse estudo identificou todos os nascimentos ocorridos na cidade naquele ano e avaliou 5.914 recém-nascidos, que são acompanhados prospectivamente, sendo o último seguimento ocorrido aos 30 anos dos participantes. O sucesso na condução desse estudo tornou possível a obtenção de financiamento junto a agências internacionais, como a Organização Mundial da Saúde e Wellcome Trust. Isso fez com que vários outros pesquisadores se agregassem ao grupo e, assim, originando dezenas de novos artigos científicos publicados nas principais revistas nacionais e internacionais. Devido ao êxito do grupo, houve interesse de muitos profissionais da área da saúde para aprender e a participar destes e de outros estudos, sinalizando a necessidade de qualificação na região. Comprometidos com essa necessidade, os docentes da UFPel, ligados ao CPE, criaram um programa de pós-graduação na área em que tinham maior domínio, a Epidemiologia.
Em 1991, deu-se o início do Curso de Mestrado em Epidemiologia. Em sua primeira avaliação, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), em 1995, o mestrado recebeu o conceito A. Em 1998, a coordenação do curso recebeu recomendação da Capes para iniciar o Doutorado em Epidemiologia, constituindo, então, o PPGEpi da UFPel. Em 2003, após a reformulação do processo de avaliação da Capes, em que as notas passaram a ser de 1 a 7, o PPGEpi recebeu nota 6 e, na avaliação seguinte, em 2007, recebeu a nota máxima (7), com a qual tem se mantido. Atualmente, o PPGEpi é composto por dois cursos de regime stricto senso (Mestrado e Doutorado). A qualidade dos trabalhos produzidos nos cursos de mestrado e de doutorado e a credibilidade de seu corpo docente incentivaram o Ministério da Saúde a solicitar ao Programa a criação de um curso de mestrado profissional, exclusivo para trabalhadores da rede pública de saúde. Denominado Saúde Pública Baseada em Evidências, o curso iniciou em 2007 e gerou, ao final, 19 artigos produzidos por alunos oriundos de seis municípios do Rio Grande do Sul, de duas cidades de Santa Catarina e de uma do Paraná.
Em relação ao tempo para titulação, o Programa tem, historicamente, mantido média inferior aos 24 meses para Mestrado e de 48 meses para Doutorado.
O curso de Mestrado objetiva formar epidemiologistas com experiência prática e que saibam, além de analisar dados, planejar e conduzir estudos de campo e divulgar de forma efetiva os resultados de pesquisas. As dissertações até o momento são feitas a partir de dados primários, coletados para atender objetivos específicos de projeto de pesquisa planejado e implementado pelo próprio mestrando. Elas são finalizadas com a apresentação de um artigo original, cujo treino da redação é de extrema importância na formação dos alunos.
No doutorado, o aluno tem sua tese oriunda de pesquisa científica em que tenha participado de maneira efetiva durante o curso, cujos trabalhos estão altamente consolidados nas áreas de concentração, como Epidemiologia do Ciclo Vital, Epidemiologia dos Serviços de Saúde, Determinantes Sociais do Processo Saúde-Doença, e Equidade em Saúde.
A estrutura curricular do PPGEpi está baseada em dois pilares: teórico e prático. Enquanto as disciplinas de cunho teórico fornecem a base da formação do Mestrado, nas de cunho prático os alunos trabalham coletivamente na construção de seu projeto de pesquisa, passando pela escolha de um tema, revisão da literatura, definição de objetivos e da metodologia. Salienta-se que o Programa tem alto comprometimento institucional na UFPel e além dela, tendo atualmente entre seu quadro de docentes o atual Reitor e o Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UFPel e o Coordenador da Área de Saúde Coletiva da Capes.
O Programa, em suma, caracteriza-se por propiciar sólido embasamento em epidemiologia, formando pesquisadores e docentes, acrescido da perspectiva de capacitação para coordenação dos serviços de saúde, no que diz respeito à tomada de decisões em saúde pública, com base na melhor evidência científica disponível. Desde sua criação, contabiliza mais de 2.500 artigos publicados em periódicos científicos nacionais e internacionais. Para acessar os artigos clique aqui.
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