Facebook

Teses e Dissertações


2016


Aluno:Leonardo Pozza dos Santos

Título: Forma corporal aos seis anos: componentes e determinantes

E-mail:leonardo_pozza@yahoo.com.br

Área de concentração:Epidemiologia do Ciclo Vital

Orientador:Aluisio J. D. Barros

Banca examinadora:Maria Cristina Gonzalez, Pedro Curi Hallal e Maria Cecília Assunção.

Data defesa:29/03/2016

Palavras-chave:Epidemiologia; Crianças; Coorte 2004; Crescimento; Forma corporal

O acúmulo de tecido adiposo, principalmente na região central (forma corporal androide), é usualmente avaliado por medidas tradicionais, como o índice de massa corporal e circunferência da cintura, e tem sido associado a risco de doenças crônicas. No entanto, essas medidas tradicionais podem não avaliar a variabilidade total da forma corporal, subestimando outras possíveis dimensões presentes. Entre 2010 e 2011, 3350 crianças com idade média de 6,8 anos participaram do acompanhamento da coorte de nascimentos de 2004 e foram examinadas pelo Three-Dimensional Photonic Scanner, que calculou mais de 30 medidas, entre circunferências, medidas de comprimento e volume corporal, entre outras. O primeiro artigo desta tese objetivou descrever a variabilidade total da forma corporal aos seis anos, a partir das diferentes medidas calculadas pelo scanner, e sua correlação com medidas tradicionais de antropometria e composição corporal. Usando análise de componentes principais, identificamos quatro componentes da forma corporal (corpulência, razão centro-periférica, altura e comprimento dos braços e diâmetro dos ombros), sendo que apenas um deles (corpulência) apresentou forte correlação com medidas tradicionais de antropometria e composição corporal. Além disso, tais componentes apresentaram diferenças de acordo com algumas características das crianças, tais como sexo, nível socioeconômico e peso ao nascer. Neste artigo, concluímos que existem dimensões da forma corporal que podem não estar sendo bem capturadas por medidas tradicionais de antropometria e composição corporal. Ademais, diferenças nesses componentes de acordo com características sociodemográficas podem indicar potenciais riscos futuros. Após, realizou-se uma revisão sistemática no intuito de identificar os determinantes da forma corporal no período pré-pubertal. Nessa revisão identificamos que a forma corporal é avaliada de diferentes formas (circunferência da cintura e quadril, pregas cutâneas ou medidas regionais calculadas pelo DXA) e que o peso ao nascer e o ganho de peso na infância precoce foram os determinantes mais evidentes da forma corporal antes da puberdade. Diferenças por sexo foram observadas desde idades precoces, mas foram dependentes da maneira como a forma corporal foi avaliada. Em nossa revisão, encontramos evidência limitada a respeito dos efeitos da cor da pele, características maternas e aleitamento materno e alimentação na infância sobre a forma corporal. Por fim, no último artigo da tese investigamos o efeito da alimentação na infância precoce (1, 2 e 4 anos) na determinação da forma corporal aos 6 anos. Apesar de haver uma relativa estabilidade nos padrões alimentares indentificados de 1 a 4 anos de idade, tais padrões não apresentaram associação consistente com o IMC e com a forma corporal aos 6 anos após ajuste para fatores sociodemográficos. Sendo assim, nossa tese permite concluir que há dimensões da forma corporal que podem estar sendo marginalizadas pelas medidas típicas que avaliam a forma corporal. Peso ao nascer e rápido ganho de peso são determinantes evidentes da forma aos 6 anos e diferenças por sexo já são evidentes desde cedo. Por fim, os padrões alimentares na infância precoce estão mais relacionados a fatores sociais e não determinam a forma corporal aos 6 anos.


ABSTRACT

Central body shape is usually assessed by traditional anthropometry (e.g. BMI and waist and hip circumferences) and is associated with adverse outcomes. However, these measures may underestimate the total variability of body shape, not detecting other possible dimensions. Between 2010 and 2011, 3350 children from 2004 Pelotas Birth Cohort Study (6.8 years average age) were followed and examined by Three-Dimensional Photonic Scanner, and more than 30 different measures among circumnferences, body lengths and body volume were calculated. The first paper of our thesis aimed to describe the variation of body shape and size in 6 year-old children and assess how these dimensions are captured by traditional anthropometric and body composition measurements. Using Principal Component Analysis, we found four different body shape’s components (corpulence, central:peripheral ratio, height & arm lengths e shoulder diameter), and only one (corpulence) was well correlated with traditional anthropometry and body composition measures. Moreover, these components presented differences according to some children’s characteristics, such as sex, socioeconomic position and birth weight. We concluded that some dimensions of children’s body shape and size are not well captured by traditional anthropometry or body composition measures. In addition, differences in these novel components by sex, birth weight, socio-economic position and skin colour may indicate their potential relevance to disease risks. After, we carried out a systematic review where we aimed to identify the determinants of body shape in pre-pubertal children. In this study, we identified that body shape is defined in different ways (waist and/or hip circumferences, skinfold thickness measurements, or regional body composition by DXA scanning). Birth weight and infancy weight gain were the most evident determinants of children’s body shape. Sex differences in body shape were dependent on the type of measurement. In our systematic review, there was limited evidence reported for effects of ethnicity, maternal characteristics, and breastfeeding and dietary practices in infancy on body shape. Finally, in the last paper we investigated the effect of dietary intake patterns at 1, 2 and 4 years on BMI z-score and body shape. Despite we have found a relative tracking of dietary intake pattern from 1 to 4 years of age, these patterns were not consistently associated with BMI z-score and body shape after adjustment for sociodemographic characteristics. We concluded that there are different dimensions of children’s body shape and size which may not being well captured by anthropometry and body composition measures. Birth weight and infancy weight gain are the most determinants of children’s body shape, and sex differences are dependent of the way body shape is defined. Finally, dietary intake patterns from 1 to 4 years are more associated with sociodemographic characteristics than with body shape at 6 years.


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas