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Teses e Dissertações


2016


Aluno:Franciéle Marabotti Costa Leite

Título: Violência contra a mulher perpetrada pelo parceiro íntimo e suas implicações na prevenção do câncer de colo do útero

E-mail:

Área de concentração:Epidemiologia

Orientador:Denise Petrucci Gigante

Banca examinadora:Ethel Maciel (UFES),Maria Aparecida V. Moura (Fiocruz) e Helen Gonçalves (UFPel).

Data defesa:24/05/2016

Palavras-chave:Epidemiologia; Saúde da mulher; Violência contra a mulher; Maus tratos conjugais; Neoplasias do colo uterino-Prevenção

O presente trabalho teve como objetivo analisar a violência contra a mulher perpetrada pelo parceiro íntimo em usuárias de unidades de atenção primária em saúde do município de Vitória, Espírito Santo. Os dados foram coletados através de um estudo transversal realizado em 26 unidades de saúde que possuem Estratégia de Saúde da Família e/ou Programa de Agentes Comunitários de Saúde. A amostra foi composta de 991 mulheres, na faixa etária de 20 a 59 anos, que possuem ou tiveram parceiro íntimo 12 meses anteriores à entrevista. Foi utilizada a técnica de entrevista com registro em formulários em três blocos, sendo o primeiro com questões relacionadas à participante: aspectos demográficos, ginecológicos, obstétricos, comportamentais e classe econômica. O segundo bloco com características demográficas e comportamentais do parceiro íntimo atual/mais recente e, no terceiro, questões de identificação da violência perpetrada pelo parceiro íntimo, onde foi aplicado o instrumento intitulado World Health Organization Violence Against Women. Os resultados mostram que as prevalências de violência foram: psicológica 25,3% (IC 95%: 22,6-28,2); física 9,9% (IC 95%: 8,1-11,9) e sexual 5,7% (IC 95%: 4,3-7,3). A violência psicológica manteve-se associada à escolaridade, situação conjugal, histórico materno de violência por parceiro íntimo, violência sexual na infância e ter feito uso de drogas, enquanto a agressão física esteve relacionada à idade, escolaridade, situação conjugal e a história materna de violência por parceiro íntimo. A violência sexual foi mais frequente nas mulheres de menor renda e que sofreram abuso sexual na infância. Além disso, os resultados também evidenciam que mulheres que sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses estão mais propensas a ter o exame de Papanicolaou em atraso (p = 0,002). Vítimas de violência sexual e física têm, respectivamente, 1,53 e 1,44 vezes mais prevalência de não realização do exame quando comparadas às não vítimas. Pode-se concluir que as violências psicológica, física e sexual apresentaram alta magnitude entre as mulheres usuárias dos serviços de atenção primária à saúde. Mulheres em situações de violência constituem um grupo vulnerável à não realização do Papanicolaou, e alguns fatores sociodemográficos, comportamentais e as experiências pessoal e materna de violência possuem influência na ocorrência do fenômeno.

ABSTRACT

The aim of this study was to analyse violence against women perpetrated by the intimate partner in primary healthcare units in the municipality of Vitoria, Espirito Santo, Brazil. Data was collected through a transversal study done in 26 healthcare units that have the Family Healthcare Strategy and/or the Community Health Agents Program. The sample was composed of 991 women, in the 20-59 age group, which have or had an intimate partner in the 12 months prior to the interview. The interview with registry technique was used, with three blocks of forms. The first block had questions about the participant: demographic, gynaecological, obstetric, behavioural and economical class aspects. The second block was for the current/most recent partner's demographic and behavioural characteristics; and the third had questions to identify the violence perpetrated by intimate partner, and the World Health Organization Violence Against Women instrument was applied. The results showed that the prevalence of violence was: psychological, 25.3% (IC 95%: 22.6-28.2); physical 9.9% (IC 95%: 8.1-11.9); and sexual 5.7% (IC 95%: 4.3-7.3). Psychological violence was associated to schooling, marital status, maternal history of violence by intimate partner, sexual violence in childhood, and having used drugs; while the physical violence was related to age, schooling, marital status, and maternal history of violence by intimate partner. Sexual violence was more frequent in women with less income and who suffered sexual abuse in their childhood. The results also highlighted that women who suffered some type of violence in the past 12 months are more prone to have their PAP test late (p=0.002). Sexual and physical violence victims have, respectively, 1.53 and 1.44 times more prevalence of not doing the test when compared to the non-victims. It can be concluded that psychological, physical and sexual violence present high magnitude between women who are users of the primary healthcare services. Women in situation of violence are a vulnerable group to not taking the PAP test, and some socio-demographic, and behavioural factors, as well as the personal and maternal experiences of violence, influence the occurrence of the phenomenon.


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas