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Teses e Dissertações


2016


Aluno:Tiago Neuenfeld Munhoz

Título: Depressão e inteligência na adolescência

E-mail:tyagomunhoz@hotmail.com

Área de concentração:Epidemiologia

Orientador:Alicia Matijasevich

Banca examinadora:Aluisio Barros, Beatriz Tavares e Ricardo Pinheiro.

Data defesa:22/11/2016

Palavras-chave:Epidemiologia; Inteligência – Adolescentes; Depressão - adolescentes

MUNHOZ, Tiago Neuenfeld. Depressão e inteligência na adolescência. 2016. 341f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

O objetivo geral da tese foi avaliar o quociente de inteligência (QI) e a presença de depressão na adolescência. A tese é consiste em dois projetos. O primeiro projeto avaliou uma intervenção de aconselhamento nutricional realizado na infância e seus efeitos na inteligência aos 15-16 anos. Trata-se de um ensaio randomizado uni cego em clusters. Em 1998, as mães de crianças menores de dois anos receberam uma intervenção de aconselhamento nutricional (n=424). O aconselhamento incluiu a promoção da amamentação exclusiva até os 6 meses de idade e a continuação da amamentação com a inclusão de alimentos ricos em proteínas, lipídios e carboidratos para as crianças com idade entre seis meses e dois anos de idade. O grupo controle recebeu os cuidados habituais de saúde. Em 2013, os indivíduos que participaram do estudo quando crianças foram avaliados novamente (n=339; idade média (DP) de 15,4 anos [0.5]). O QI foi avaliado utilizando-se a Escala Wechsler de inteligência para Adultos (WAIS-III). A média (DP) do escore total de QI foi de 95.8 (11.2) e 93.4 (11.4) para o grupo controle e intervenção, respectivamente. A análise ajustada não indicou diferença nas médias de QI entre os grupos intervenção e controle (p=0.362). Não foi observado efeito a longo prazo da intervenção na inteligência. O segundo projeto avaliou a prevalência de depressão menor e os fatores demográficos, socioeconômicos e comportamentais associados em adolescentes de 10 a 19 anos. Trata-se de um estudo transversal de base populacional com amostragem realizada por conglomerados em dois níveis, com probabilidade proporcional ao tamanho. A depressão menor foi avaliada utilizando-se o Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9). Foi considerado com depressão menor o adolescente que referiu dois ou mais sintomas de depressão, desde que pelo menos um destes seja humor deprimido ou anedonia. Cada sintoma deveria estar presente durante "uma semana ou mais" ou "quase todos os dias", com exceção do sintoma sobre pensamentos suicidas, que foi considerado um sintoma válido para qualquer frequência relatada pelo adolescente. Foram entrevistados 743 adolescentes. A prevalência de depressão foi de 17,0% (IC95% 14,0; 20,0). A frequência de depressão foi maior nas meninas, naqueles com idade entre 14 e 15 anos, com cor da pele parda, indígena ou amarela, tabagistas e nos adolescentes que conviviam com algum indivíduo deprimido no domicilio. Estes resultados indicam a depressão como importante doença entre adolescentes, ressaltando a necessidade de políticas de saúde mental voltadas a esta população, visando minimizar os impactos que os transtornos mentais produzem em curto e longo prazo.

Palavras-chave: Desenvolvimento Infantil, Adolescência, Programas de Nutrição, Cognição, Ensaio Clínico Controlado Aleatório; Depressão.



MUNHOZ, Tiago Neuenfeld. Depression and intelligence in adolescence. 2016. 341f. Thesis (PhD) – Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Abstract

The thesis aimed to study the intelligence quotient (IQ) and depression during adolescence. The thesis consists of two parts. The first part aimed to assess the effects of an early childhood nutrition counselling intervention on intelligence at age 15–16 years. This was a single-blind, cluster randomised trial. In 1998, in Southern Brazil, mothers of children under two received a nutrition counselling intervention (n=424). Counselling included encouragement and promotion of exclusive breastfeeding until 6 months of age and continued breastfeeding supplemented by protein-, lipid-, and carbohydrate-rich foods after age 6 months up to age 2. The control group received routine feeding advice. In 2013, the fourth round of follow-up of these individuals, at the time with a mean (SD) age of 15.4 (0.5) years, was undertaken (n=339). IQ was assessed using the short form of the Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS-III). Mean total IQ scores were 95.8 (11.2) in the control group and 93.4 (11.4) in the intervention group. Adjusted analysis revealed no difference between the intervention and control groups (p=0.362). In this sample, a nutrition counselling intervention in early childhood had no effect on intelligence measured during adolescence. The objective of the second part of the thesis was to assess the prevalence of minor depression, as well as the associated demographic, socioeconomic and behavioural factors, among Brazilian adolescents. This was a cross-sectional population-based study, with two-stage, probability-proportional-to-size cluster sampling, conducted in the city of Pelotas, in southern Brazil. To identify depression, we applied the Patient Health Questionnaire-9. We defined minor depression as the presence of two or more depressive symptoms, at least one of which is depressed mood or anhedonia. The symptoms were considered valid only if reported to persist for a week or more or to occur nearly every day, the exception being suicidal thoughts, which was considered valid regardless of frequency. We interviewed 743 adolescents, among whom the prevalence of minor depression was 17.0% (95% confidence interval, 14.0–20.0), being higher among girls than among boys, as well as among individuals aged 14–15 years, those self-identifying as an ethnic minority, those who were smokers and those who lived with a depressed individual. Our results illustrate the relevance of depression in adolescents, underscoring the need for mental health policies targeting this population, with the objective of minimising the short- and long-term effects of early-onset depression.


Key-words: Child Development, Adolescence, Nutrition Programs, Cognition, Randomized controlled trial; Depression.


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas