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Teses e Dissertações


2022


Aluno:Roberta Hirschmann

Título: MAUS-TRATOS INFANTIS, COMPORTAMENTO SEXUAL DE RISCO E CAPITAL HUMANO NO INÍCIO DA VIDA ADULTA

E-mail:

Área de concentração:

Orientador:Helen Gonçalves

Banca examinadora:Bernardo Horta, Fernando Wehrmeister e Luciano Suza.

Data defesa:21/06/2022

Palavras-chave:Coorte 1993

Abusos fĂ­sicos, sexuais e emocionais, bem como a negligĂȘncia cometida contra crianças e adolescentes, antes dos 18 anos, sĂŁo considerados maus-tratos infantis e podem afetar a saĂșde e o bem-estar nĂŁo somente no momento que ocorrem, bem como ao longo da vida. Os maus-tratos infantis tĂȘm sido associados Ă  adoção de comportamentos de risco Ă  saĂșde, desenvolvimento de transtornos mentais e menor escolaridade. Nesta tese, composta por projeto de pesquisa, relatĂłrio de trabalho de campo e trĂȘs artigos, o objetivo foi avaliar a relação entre maus-tratos infantis ocorridos atĂ© 15 anos sobre o comportamento sexual de risco e o capital humano no inĂ­cio da vida adulta (18 e 22 anos). No primeiro artigo, a literatura sobre maus-tratos infantis e comportamentos sexuais de risco na vida adulta foi sistematicamente revisada e verificou-se que os maus-tratos infantis influenciam negativamente os comportamentos sexuais de risco na vida adulta. A maioria dos artigos encontrados foram conduzidos em paĂ­ses de alta renda e grande parte deles avaliou maus-tratos infantis de maneira isolada, sem considerar a coocorrĂȘncia, ou estudou apenas o abuso sexual como exposição. AlĂ©m da revisĂŁo, dois artigos originais foram escritos com dados da Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas e analisaram: a) Artigo 2 - a associação entre maus-tratos infantis (atĂ© os 15 anos) e comportamentos sexuais de risco (inĂ­cio sexual precoce e mĂșltiplos parceiros sexuais) no inĂ­cio da vida adulta (22 anos), investigando possĂ­veis mecanismos envolvidos nessa relação; b) Artigo 3 - a associação entre maus-tratos infantis (atĂ© 15 anos) e o capital humano (quociente de inteligĂȘncia aos 18 anos e escolaridade aos 22 anos). Em ambos os artigos, o abuso (fĂ­sico e emocional) e a negligĂȘncia fĂ­sica foram avaliados como maus-tratos infantis e as anĂĄlises foram estratificadas por sexo. No artigo 2, o abuso sexual tambĂ©m foi avaliado como exposição e, foi realizada uma anĂĄlise longitudinal com dados dos acompanhamentos realizados aos 15, 18 e 22 anos de idade, com uma 8 amostra de 2.674 indivĂ­duos. Observou-se que, a exposição aos maus-tratos na infĂąncia, especialmente abuso sexual e emocional, de maneira isolada ou coocorrendo simultaneamente com outras formas de maus-tratos, estiveram associados ao inĂ­cio sexual precoce somente para as mulheres. Entre o sexo masculino nĂŁo foi encontrado efeito para os desfechos estudados. A ausĂȘncia de efeito pode ser explicada pela alta carga de mediação da evasĂŁo escolar (53%) entre negligĂȘncia fĂ­sica e mĂșltiplos parceiros sexuais e do uso prejudicial de ĂĄlcool (39,1%) no efeito do abuso fĂ­sico em ter mĂșltiplos parceiros sexuais. O terceiro artigo, tambĂ©m utilizou dados dos acompanhamentos do perinatal, 15, 18 e 22 anos de idade, com amostra final de 3.736 e 3.413 participantes, conforme dados disponĂ­veis para as exposiçÔes e desfechos. O principal achado demonstrou que mulheres que sofreram negligĂȘncia fĂ­sica na infĂąncia apresentaram menor QI aos 18 anos (β: -4,17 IC95% -6,99; -1,35). AlĂ©m disso, mulheres que vivenciaram negligĂȘncia fĂ­sica antes dos 15 anos de idade concluĂ­ram, em mĂ©dia, um ano a menos de estudos aos 22 anos. Menor escolaridade tambĂ©m foi observada nas mulheres expostas a dois ou mais tipos de maus-tratos simultaneamente (-0,56 anos de estudo, em mĂ©dia). As intervençÔes e os esforços para reduzir a ocorrĂȘncia de comportamentos sexuais de risco e aumentar o acĂșmulo de capital humano no inĂ­cio da idade adulta devem incluir estratĂ©gias para a prevenção dos maus-tratos infantis em todas suas formas.


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas