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Teses e Dissertações


2023


Aluno:Fernando Silva Guimarães

Título: Uso de antibacterianos no período gestacional

E-mail:

Área de concentração:

Orientador:Andréa Dâmaso

Banca examinadora:Ana Menezes, Mariangela Silveira e Noemia Tavares.

Data defesa:16/06/2023

Palavras-chave:

Introdução: O uso global de antibacterianos teve aumento de 114% em países de baixa e média renda, entre o período de 2000 a 2015. A utilização destes medicamentos no período gestacional tornou-se uma preocupação em saúde pública, não somente no espectro do desenvolvimento de mecanismos de resistência bacteriana, mas também nos possíveis riscos a curto e longo prazo à saúde das crianças. Atualmente, o Plano Global de Ação contra a resistência à antibacterianos (Organização Mundial da Saúde, 2015) estimula a produção de evidências sobre consumo de antibacterianos. No Brasil, o uso racional dos antibacterianos está fundamentado na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n°44/2010, que estabeleceu mecanismos para o controle da dispensação de antibacterianos. Objetivos: O artigo de revisão sistemática teve como objetivo revisar sistematicamente os estudos que abordaram o uso de antibacterianos sistêmicos na gestação e realizar uma análise descritiva das características metodológicas; o segundo artigo visou comparar o uso de antibacterianos pelas gestantes participantes das coortes de nascimentos de Pelotas, Rio Grande do Sul, de 2004 e 2015, considerando a regulamentação implementada entre as duas coortes; o terceiro artigo buscou avaliar se o uso de antibacterianos na gestação aumenta o risco de asma aos quatro anos de idade e analisando modificadores de efeito sob ótica causal, utilizando dados da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015. Métodos: A revisão sistemática foi elaborada conforme o Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyzes (PRISMA). A qualidade dos artigos foi avaliada por meio de uma versão adaptada do Joanna Briggs Institute Critical Appraisal Checklist for Prevalence Studies. No segundo artigo, foram utilizados dados coletados no período perinatal das coortes de nascimentos de Pelotas, Rio Grande do Sul, de 2004 e 2015. As prevalências de uso de antibacterianos foram descritas a partir de variáveis independentes e diferenças em pontos percentuais (p.p.) entre as duas coortes. Para o terceiro artigo, foram utilizados dados da coorte de nascimentos de Pelotas de 2015. A seleção de covariáveis ocorreu com o auxílio de um Gráfico Acíclico Direcionado (DAG) e aplicou-se um escore de propensão para o balanceamento entre expostos e não expostos. Realizou-se uma análise de modificação de efeito e utilizou-se regressão Logística com duplo ajuste para a obtenção das Razões de Odds (RO), com seus respectivos intervalos de confiança 95% (IC95%) e valores-p. Resultados: Foram incluídos 79 artigos na revisão sistemática. As estimativas variaram de 2,0% (IC95% 2,0-2,0) até 64,3% (IC95% não reportado). De forma geral, os estudos apresentaram considerável heterogeneidade em termos de características metodológicas. No segundo artigo, a prevalência do uso de antibacterianos na gestação foi de 41,9% (IC95% 40,4-43,3) em 2004 e 39,2% (IC95% 37,7-40,6) em 2015. Houve redução na proporção de antibacterianos usados, considerando o total de medicamentos de 20,6% (IC95% 19,9-21,4) em 2004 para 12,6% (IC95% 12,1-13,1) em 2015. As reduções encontradas podem ser reflexo da política de regulamentação implementada em 2010. No terceiro artigo, não houve evidência estatística para um efeito causal entre uso de antibacterianos na gestação e desenvolvimento de asma até os 4 anos de idade. Houve evidência de modificação de efeito para crianças amamentadas exclusivamente aos 3 meses, que não tiveram infecções respiratórias do trato inferior e não expostas aos antibacterianos no pós-natal. Discussão: De forma geral, os principais resultados desta tese reforçam a complexidade dos fatores que podem influenciar no uso de antibacterianos na gestação e a necessidade de gerar evidências sobre o tema, bem como a importância das políticas de controle e uso desses medicamentos com segurança durante o período gestacional.

Palavras-chave:antibacterianos;gravidez;prevalência;estudos de coortes;política pública.


Abstract

Introduction: The global use of antimicrobials increased by 114% in low- and middle-income countries between 2000 and 2015. The use of these drugs during pregnancy has become a public health concern, not only in the developmental spectrum mechanisms of bacterial resistance but also in the possible risks in the short and long term to children’s health. Currently, the Global Plan of Action against Resistance to antibacterials (World Health Organization, 2015) encourages the production of evidence on the consumption of antibacterials. In Brazil, the rational use of antibacterials is based on the Resolution of the Collegiate Board (RDC) n°44/2010, which established mechanisms for controlling the dispensing of these drugs. Objectives: The systematic review aimed to systematically review studies that addressed the use of systemic antibacterials during pregnancy and to perform a descriptive analysis focused on methodological characteristics; the second article aimed to compare the use of antibacterials by pregnant women participating in the birth cohorts of Pelotas, Rio Grande do Sul, in 2004 and 2015, considering the regulation policy implemented between the two cohorts; and the third article sought to assess whether the use of antibacterials during pregnancy increases the risk of asthma at four years of age and analyze effect modifiers from a causal perspective with data from the 2015 Pelotas birth cohort. Methods: The systematic review were performed according to the Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyzes (PRISMA). The articles had their quality assessed using an adapted version of the Joanna Briggs Institute Critical Appraisal Checklist for Prevalence Studies. In the second article, data collected in the perinatal period from birth cohorts in Pelotas, Rio Grande do Sul, from 2004 to 2015 were used. The prevalence of antibacterial use was described based on independent variables and differences in percentage points (p.p.) between the two cohorts. For the third article, data from the 2015 Pelotas birth cohort were used. A directed acyclic graph (DAG) and a propensity score were applied to determine the balance between exposed and unexposed. The analysis of effect modifiers was performed and logistic regression with double adjustment was used to obtain the odds ratios (OR) with their respective 95% confidence intervals (95%CI) and p-values. Results: 79 articles were included in the systematic review. The prevalence estimates ranged from 2,0% (95%CI 2.0-2.0) to 64,3% (95%CI not reported). Overall, the studies revealed considerable heterogeneity in terms of methodological characteristics. In the second article, the prevalence of antibacterial use was 41.9% (95%CI 40.4–43.3) in 2004 and 39.2% (95%CI 37.7–40.6) in 2015. Considering total medications, the proportion of anti-bacterial used dropped from 20.6% (95%CI 19.9-21.4) in 2004 to 12.6% (95%CI 12.1-13.1) in 2015. The reductions found in both the prevalence of use and the proportion of anti-bacterial agents over total medications used may be a reflection of the regulatory policy implemented in 2010. In the third article, there was no statistical evidence for a causal effect between antibacterial use during pregnancy and the development of asthma up to 4 years of age. There was evidence of effect modification for children exclusively breastfed at 3 months, who did not have low respiratory tract infections and unexposed to postnatal antibacterials. Discussion: Overall, the main results of the present thesis reinforce the complexity of the factors that can influence the use of antibacterials during pregnancy and the need to generate evidence on the subject, as well as the importance of control policies and the safe use of these drugs during pregnancy.

anti-bacterial;pregnancy;prevalence;cohort studies;public policy


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas