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Sala de Imprensa

25/03/2015

Pesquisa sobre amamentação ganha destaque na mídia mundial

Um estudo realizado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas ganhou destaque na mídia nacional e internacional, em paralelo à divulgação dos resultados na revista The Lancet Global Health de 18 de março. A pesquisa, que mostra efeitos da amamentação sobre a inteligência na vida adulta, foi tema de publicações dos principais grupos de mídia internacionais e suas ramificações, entre eles, BBC, The Guardian, Time, Wall Street Journal, New York Times, CBS, Le Figaro, Le Monde, Clarín, La Nación, Rede Globo e Grupo Abril.

Apenas um dia após a publicação, o artigo científico era o segundo de maior divulgação midiática na história da The Lancet Global Health, segundo ranking do Altmetric, site especializado em mensurar o impacto de publicações científicas na mídia. Entre 3,5 milhões de artigos avaliados pelo site até a última quinta-feira (19), o artigo situa-se entre os 1% de maior divulgação nos meios de comunicação de massa – entre grupos de mídia, Facebook, Twitter e blogs.

A pesquisa chamou a atenção da comunidade internacional ao fornecer as primeiras evidências de efeitos da amamentação sobre a inteligência que persistem até a vida adulta. Os resultados mostram que quanto mais longo o período de amamentação na infância, maiores os níveis de inteligência, escolaridade e renda financeira na vida adulta. Coordenado pelos epidemiologistas Cesar Victora e Bernardo Horta, o estudo acompanhou o desenvolvimento de aproximadamente 3,5 mil recém-nascidos ao longo de trinta anos, dentro da Coorte de Nascimentos de 1982 em Pelotas (RS). Dados sobre o tempo de amamentação foram coletados nos primeiros anos de vida das crianças. Testes de QI foram aplicados quando os participantes estavam com trinta anos, em média, e as informações sobre grau de escolaridade e nível de renda também foram coletadas.

Os pesquisadores dividiram o universo de mais de 3,4 mil pessoas em cinco grupos com base na duração do aleitamento quando bebês, fazendo o controle para dez variáveis sociais e biológicas que podem contribuir para o aumento de QI, entre elas, renda familiar ao nascimento, grau de escolaridade dos pais, ancestralidade genômica, tabagismo materno durante a gravidez, idade materna, peso ao nascer e tipo de parto.

Ao mesmo tempo em que mostra aumento de inteligência, escolaridade e renda associado a todos os níveis de duração do aleitamento materno, o estudo aponta que quanto mais tempo uma criança é amamentada, maior a magnitude dos benefícios. Para se ter uma ideia, uma criança amamentada por pelo menos um ano obteve, aos trinta anos, quatro pontos a mais no escore de QI (cerca de 1/3 do desvio padrão acima da média), 0,9 anos a mais de escolaridade (aproximadamente 1/4 do desvio padrão acima da média) e renda aumentada em R$ 349 (equivalente a cerca de 1/3 do nível de renda média), quando comparada a uma criança amamentada por menos de um mês.

De acordo com Horta, “o provável mecanismo subjacente aos efeitos benéficos da amamentação sobre o desenvolvimento da inteligência é a presença de ácidos-graxos saturados de cadeia longa no leite materno, os quais são essenciais para o desenvolvimento do cérebro. A descoberta de que a amamentação prolongada tem relação positiva com o QI do adulto aos 30 anos também sugere que a quantidade de leite consumida tem papel relevante”.

O Centro de Pesquisas Epidemiológicas desenvolve estudos pioneiros no campo da amamentação e saúde pública. Na década de 80, o grupo apresentou as primeiras evidências epidemiológicas do efeito protetor do aleitamento materno contra a mortalidade infantil. A partir dessas evidências, posteriormente confirmadas em outros países, a Organização Mundial de Saúde estabelece a recomendação internacional de aleitamento exclusivo até os seis meses de idade da criança, adotada hoje em mais de 190 países.








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