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Teses e Dissertações


2020


Aluno:Lina Sofia Morón Duarte

Título: Qualidade da assistência pré-natal e seus determinantes sociodemográficos: Coorte de Nascimentos de 2015 do município de Pelotas, Rio Grande do Sul Brasil

E-mail:

Área de concentração:

Orientador:Mariangela Freitas da Silveira

Banca examinadora:Iândora Sclowitz, Elaine Tomasi e Iná Santos

Data defesa:11/02/2020

Palavras-chave:Coorte 2015

A assistência pré-natal (AP) é um dos meios para reduzir a mortalidade e a
morbidade materna com intervenções e informações que promovem a saúde, o
bem-estar e a sobrevivência das mães e de seus bebês no ciclo gravídico-puerperal,
sua efetividade está relacionada ao desenvolvimento de ações de forma rotineira,
obedecendo a padrões técnico-científicos de qualidade. A avaliação da qualidade
do conteúdo da AP oferecido às mulheres grávidas é muito importante porque
retrata com maior fidelidade o processo de atendimento recebido na dita
assistência. A qualidade da AP está relacionada com as características
sociodemográficas que possuem as gestantes. No entanto, os aspectos de
equidade da qualidade da AP têm recebido ainda pouca atenção. Portanto, a
presente tese de doutorado teve como objetivo determinar a qualidade da AP e seus
determinantes sociodemográficos na Coorte de nascimentos 2015 do município de
Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Para tal, foram escritos uma revisão sistemática
e dois artigos originais, artigos que compõem esta tese. Os achados da revisão
sistemática sobre indicadores de avaliação da qualidade no pré-natal em todo o
mundo, no marco das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS),
sugerem que inúmeros indicadores de conteúdo da AP baseados em diretrizes
nacionais ou internacionais estão sendo usados para avaliar a qualidade da AP,
isto significa um avanço importante, embora ainda haja necessidade de apropriação
desses indicadores e da construção de índices estruturados e padronizados que
possam ser utilizados nos diferentes países, permitindo, quando for possível,
comparabilidade e monitoramento internacional. Por outro lado, os indicadores de
utilização de serviços, seguem sendo usados para avaliar qualidade da AP, no
entanto, o cumprimento deles, por si só, não devem ser erroneamente interpretados
como qualidade da AP. Para os artigos originais foi utilizada uma amostra de 3923
gestantes na Coorte de Nascimento de Pelotas 2015, Brasil. No primeiro artigo
original, foi medida a concordância sobre indicadores da AP entre informações
autorreferidas e cartão da AP. Os resultados revelaram uma concordância entre
moderada e alta em 48% (n =10/21) dos indicadores da AP relacionados à utilização
de serviços, exame clínico e doenças durante a gravidez; os indicadores de
aconselhamento tiveram um desempenho ruim em comparação com o restante dos
indicadores; as informações autorreferidas apresentaram maior frequência de
dados e maior sensibilidade quando comparadas ao cartão pré-natal; os cartões
apresentaram desempenho um pouco melhor em termos de especificidade quando
comparados ao autorrelato. Os fatores associados à maior concordância entre as
duas fontes de dados incluíram menor idade materna, maior escolaridade, mulheres
primíparas e assistência médica recebida no setor público. No segundo artigo
original, avaliou-se a qualidade da AP e seus determinantes sociodemográficos;
também estimou-se os efeitos diretos e indiretos da escolaridade materna na
qualidade da AP, mediados pelo número de visitas e o trimestre de início da AP, e
estimou-se os efeitos diretos e indiretos da renda familiar na qualidade da AP,
mediados pelo provedor de serviços de saúde. A qualidade da AP foi avaliada
através de 19 indicadores, tanto de conteúdo como de utilização de serviços,
recomendados pelo Ministério da Saúde, de forma individual e agregada através da
construção de um escore. As associações de cada um dos indicadores de acordo
com as variáveis independentes foram obtidas usando-se o teste do qui-quadrado
e teste de tendência linear. Para a análise de associação do escore de qualidade
da AP com as variáveis sociodemográficas, utilizou-se a regressão ordinal
considerando modelo hierárquico. Para a análise de mediação usou-se Gcomputation. Os resultados mostraram que, exceto para o exame das mamas, a
medida da altura, a vacinação com toxóide tetânico e a AP iniciados no primeiro
trimestre, todos os indicadores da AP apresentaram mais de 80% de cobertura
durante as visitas da AP. Na análise ajustada, a falta de qualidade da AP esteve
associada à menor escolaridade da mãe, não ter companheiro, ser multípara, ser
atendida por um prestador privado e pelo mesmo profissional em todas as
consultas. Nas análises de mediação, 6,8% da associação entre a qualidade da AP
e a escolaridade da mãe foram mediados pelo trimestre no início da AP e 12,8%
pelo número de visitas.


Palavras-chave: Assistência pré-natal; indicadores; Concordância; Cartão prenatal; Reporte materno; Qualidade da assistência à saúde; Desigualdade em
assistência à saúde; Determinantes sociais da saúde


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas