Aluno:Gabriel Calegaro
Título: Associação entre eventos adversos na infância e adolescência e comportamentos suicidas em pertencentes à Coorte de nascimentos de Pelotas de 1993
Área de concentração:
Orientador:Helen Gonçalves
Banca examinadora:Joseph Murray e Luciano Dias de Mattos (UCPel).
Data defesa:24/02/2023
Palavras-chave:
Introdução: Eventos adversos (estressores ou estressantes) são acontecimentos que provocam estresse e tensão, interferindo no comportamento dos indivÃduos. A literatura recente demonstra que durante a infância e a adolescência alguns eventos adversos (como violência doméstica, disfunção familiar, transtornos mentais entre os membros da famÃlia, negligência fÃsica ou emocional, morte dos pais, divórcio dos pais, abuso fÃsico e abuso ou assédio sexual) possuem uma relação com os comportamentos suicidas (ideação persistente, planejamento e tentativa de suicÃdio) e, também, uma relação de dose-resposta entre o número de eventos adversos experienciados e os comportamentos suicidas. Grande parte dos estudos sobre estas associações são transversais, sendo poucos os estudos longitudinais com jovens adultos acompanhados desde o seu nascimento ou infância.
Objetivo: Analisar a associação entre eventos adversos na infância e comportamentos suicidas (pensamentos suicidas e tentativa de suicÃdio) em jovens adultos.
Métodos: Foram utilizados dados dos participantes da Coorte de Nascimentos de Pelotas, do ano de 1993. Os comportamentos suicidas foram mensurados aos 22 anos, através do MINI (Mini International Neuropsychiatric Interview), quando perguntados sobre pensamentos suicidas no último mês e tentativa de suicÃdio durante a vida. As exposições foram coletadas no acompanhamento dos 11 anos. Dados sobre abuso fÃsico, dificuldades financeiras, discriminação, divórcio/separação dos pais e morte dos pais foram coletados por questionários padronizados, transtornos mentais comuns materno foram mensurados pelo SRQ-20 . As análises foram realizadas por meio de regressões logÃsticas bruta e ajustada para sexo, cor da pele, escolaridade parental (perinatal) e renda familiar (perinatal).
Resultados: Enquanto resultados principais, destaca-se: em análise ajustada, aqueles que sofreram dificuldades financeiras (RO 2,51; IC95% 1,66-3,79), vivenciaram o divórcio dos pais (RO 1,44; IC95% 1,02-2,04) e TMC materno (RO 1,72; IC95% 1,21-2,46) aos 11 anos eram mais propensos a relatar pensamentos suicidas aos 22 anos. Além disso, aqueles que passaram por dificuldades financeiras (RO 1,71; IC95% 1,13-2,58), abuso fÃsico (RO 1,48; IC95% 1,08-2,04), discriminação (RO 1,74; IC95% 1,20-2,51), TMC materno (RO 1,67; IC95% 1,20-2,32) ou divórcio dos pais (RO 1,41; IC95% 1,02-1,94) eram mais propensos a relatar uma tentativa de suicÃdio na vida.
Conclusão: Foi encontrada uma forte associação entre dificuldades financeiras, TMC materno e divórcio na infância, e pensamentos suicidas, como ideação ou planejamento suicida, no inÃcio da vida adulta. Dificuldades financeiras, discriminação, divórcio, TMC materno e abuso fÃsico foram associados à tentativa de suicÃdio. Os achados demonstram que a prevenção em saúde mental, com especial atenção a estes eventos, devem ser preconizados na infância e adolescência, juntamente com a prevenção de adversidades na infância. Mais pesquisas são necessárias sobre a associação entre discriminação e tentativa de suicÃdio, diferenciando a natureza de cada tipo de discriminação.