Teses e Dissertações

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Nas últimas décadas, ocorreram mudanças nos hábitos alimentares da população, como a substituição de refeições compostas por alimentos in natura por industrializados. Além das mudanças nos padrões alimentares, ocorreu aumento no tempo despendido em comportamento sedentário (atividades que não aumentam o gasto energético acima do nível de repouso) entre jovens, principalmente em frente às telas. Acredita-se que haja associação entre comportamento sedentário e os padrões alimentares em jovens, sendo aqueles que passam maior tempo em comportamento sedentário mais prováveis a aderir padrões alimentares não saudáveis. Contudo, não existe consenso na literatura da área. Assim, estudar a relação entre o comportamento sedentário, utilizando diferentes tipos de medidas, e os padrões alimentares em adultos jovens para verificar se há associação específica com o tempo de tela ou com o tempo total em comportamento sedentário, independentemente do contexto em que ocorra, poderá acrescentar informações inéditas e relevante sobre o assunto. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre o comportamento sedentário aos 18 e 22 anos, avaliado pelo tempo de tela e acelerômetro, e os padrões alimentares aos 22 anos nos participantes de uma coorte de nascimentos brasileira. Foram utilizados dados da Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas/RS. Para avaliar o desfecho, foi aplicado um Questionário de Frequência Alimentar aos 22 anos e, a partir dele, foram avaliados os padrões alimentares utilizando análise de componentes principais. As variáveis de comportamento sedentário avaliadas aos 18 e 22 anos de idade foram: tempo no lazer de videogame, computador, televisão, tempo total de tela autorrelatados e tempo total em comportamento sedentário por acelerômetro. Além dessas, foram avaliadas variáveis de mudança dos 18 para os 22 anos de tempo total de tela e tempo total do comportamento sedentário. Foi realizada descrição da amostra e comparação das características das amostras analíticas com a amostra original da Coorte, utilizando teste qui-quadrado e teste t. As associações transversais e longitudinais entre exposições e desfechos foram analisadas por Regressão de Poisson com variância robusta, bruta e ajustada para possíveis fatores de confusão. Foram identificados três padrões alimentares aos 22 anos: Lanches e Doces; Frutas, Legumes e Verduras e Comum Brasileiro. O maior tempo despendido nos três tipos de telas avaliadas e o tempo total de tela foram associados a maior adesão ao padrão Lanches e Doces nas análises transversais e longitudinais. Nas análises com mudança de tempo de tela, os jovens que apresentaram tempo "sempre elevado" e "sempre moderado" tiveram maior probabilidade de aderir ao padrão de Lanches e Doces e aqueles que apresentaram tempo "sempre elevado" tiveram também menor probabilidade de adesão ao padrão de Fruta, Legumes e Verduras, comparados com aqueles que apresentaram tempo "sempre baixo". Não foram encontradas associações significativas quando o comportamento sedentário foi medido por acelerômetro nas análises ajustadas. Não houve associações consistentes com os demais padrões alimentares investigados. Concluiu-se que maior exposição às telas no final da adolescência e início da vida adulta foi associada a adesão a um padrão alimentar não saudável, Lanches e Doces, no início da vida adulta.


Palavras-chave: Comportamento Alimentar; Comportamento Sedentário; Tempo de Tela; Adulto Jovem; Estudos de Coortes. 



Abstract

In recent decades, there have been changes in the eating habits of the population, such as the replacement of traditional meals consisting of fresh foods with processed foods. In addition to changes in eating patterns of the population, there has been an increase in the time spent on sedentary behavior (activities that do not increase energy expenditure above resting level) among young people, especially in front of screens. It is believed that there is an association between sedentary behavior and eating patterns in young people, with those who spend more time on sedentary behavior being more likely to adhere to unhealthy eating patterns. However, there is no consensus in the literature. Thus, studying the relationship between sedentary behavior, using different types of measures, and eating patterns in young adults to verify whether there is a specific association with screen time or with total time in sedentary behavior, regardless of the context in which the behavior occurs, may add new and relevant information on the subject. Therefore, the aim of this study was to evaluate the association between sedentary behavior at ages 18 and 22, assessed by screen time and accelerometer, and eating patterns at age 22 in participants from a Brazilian birth cohort. Data from the 1993 Pelotas (Brazil) Birth Cohort were used. To evaluate the outcome of the study, a Food Frequency Questionnaire was applied at age 22 years and, from this, dietary patterns were evaluated using principal component analysis. The sedentary behavior variables assessed at ages 18 and 22 were: self-report of time spent on video games, computers, television, and total screen time, and total time spent on sedentary behavior by accelerometer. In addition, variables of change from age 18 to age 22 in total screen time and total time in sedentary behavior were assessed. A sample description and comparison of the characteristics of the analytic samples with the original Cohort sample was performed using chi-square and t-tests. Cross-sectional and longitudinal associations between exposures and outcomes were analyzed by Poisson Regression with robust variance, crude, and adjusted for possible confounding factors. Three eating patterns were identified at age 22: Snacks and Sweets; Fruits, Vegetables and Greens; and Brazilian. The longer time spent on the three screen types evaluated and total screen time were associated with greater adherence to the Snacks and Sweets pattern in cross-sectional and longitudinal analyses. In the analyses with changing screen time from 18 to 22 years, those who had "always high" and "always moderate" screen time were more likely to adhere to the Snacks and Sweets pattern, and those who had "always high" screen time were also less likely to adhere to the Fruits, Vegetables and Greens pattern compared to those who had "always low" screen time. No significant associations were found when sedentary behavior was measured by accelerometers in the adjusted analyses. There were no consistent associations with the other dietary patterns investigated. It was concluded that increased exposure to screens in late adolescence and early adulthood was associated with adherence to an unhealthy eating pattern, Snacks and Sweets, in young adulthood.


Keywords: Feeding Behavior; Sedentary Behavior; Screen Time; Young Adult; Cohort Studies